quinta-feira, 28 de abril de 2011

O lobo e a lua

Lobos amam uivar à lua, e a admiração que têm a ela é estranha, já que ela lhes é inalcançável, por imperar prateada e solitária num céu tão distante. É um ofício que parece sem sentido, e, talvez por curiosidade em compreendê-los, permiti que um deles se tornasse meu amigo, e aos pouquinhos, a fome em devorar típica dele foi me consumindo, até eu perceber que já era tarde demais... Eu não poderia voltar atrás.
Esse lobo fez de mim sua lua, a mais bela lua, orbitando distante de sua terra, mas dotada de uma beleza que o faria jamais tirar os olhos de cima. E eu percebi um dos traços que é próprio dos lobos: a capacidade de acreditar. Acreditar que a lua distante pode ouvi-los, quando por todo o amor, eles cantam e chamam, chamam pelo ser mais querido...
Eu, que havia virado a lua distante, tive medo de descer à terra para apreciar as cores prateadas na pelagem desse lobo. E talvez por isso, me senti traído quando todas as expectativas lunáticas esvaeceram-se nas nuvens... Na verdade, ser a lua por uns instantes fez de mim a vaidade, e quando ela é ferida, todo o traço de verdade se faz em mentira. Era eu acreditando em minhas mentiras, e afastando meu lupino, o companheiro da minha vida.
Foi então necessário que a lua descesse a terra e se tornasse não menos que um ser humano. Foi preciso que eu deixasse para trás o orgulho de estar acima do chão para admitir que esse lobo ainda me admirava, só que tinha sua matilha para cuidar também. Tudo ficou claro no momento em que nos vemos pela primeira vez. E nos abraçamos. E nos beijamos... E nos amamos como se nossa cama fosse de nuvens, e minha órbita tivesse sido devolvida a mim. A única diferença é que o êxtase do amor não foi solitário. Meu lobo estava comigo, e só isso foi o suficiente para que entendesse o quanto ser uma lua solitária não era um destino digno.
No fim, meu lobo me devorou e fez de mim o homem mais bonito.

Foi isso que tenho ouvido desde que voltei ao meu mundinho... Desde que ele uivou em meus ouvidos, eu tenho sido o homem mais bonito.

---

Te amo, Rodrigo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Sobre Morrer"

Queridas e queridos... Desde o primeiro texto procuro deixar claro que quero dividir experiências minhas com vocês. E em definitivo, a maior experiência pela qual eu passei foi a perda de minha irmã, tão jovem. A partir deste post, irei entrar nesse mérito, ainda que tente não me deter 100% nele. Este é um post introdutório, então vamos lá!


Sobre Morrer

E então, a realidade me acorda. Não me recordo se algum dia cogitei morrer, mas definitivamente o fim ainda não era uma opção. Foi de noite que aprendi que morrer, no entanto, não é opção nossa. É “sim” ou “sim”, simples assim.
Recebo a ligação de que ela havia sofrido uma parada cardíaca. O sono e a impossibilidade sobre minha vista fizeram com que entrasse num carro e seguisse durante mais de uma hora até chegar naquele hospital cansado, de madrugada. É foi ele quem me recebeu, meu pai, dizendo que o céu chegou pra ela... E o inferno, na forma de um espírito seco e de pessoas flageladas por todos os lados, esse inferno chegou para mim. Isso é pessoal... Nos espaços que adentramos, cada um sabe de si.

É por isso que representam o inferno como puro fogo, pares de chamas, labaredas macabras. Porque nele não existe água. Água da vida, talvez... Antes de tudo, porém, era água que faltava. E assim estavam minha saliva, meus olhos, minha urina avermelhada... De mim, faltava e não saía água.

Mas e o corpo da minha irmã... Não sentia mais ela lá. Engraçado o que C.S. Lewis disse, mais ou menos isso: “somos uma alma dotada de um corpo, não um corpo dotado de alma”. Isto me fazia total sentido, porque ela não estava mais lá. Se não existir de fato um elemento eterno dentro de nós, que por mais eterno que seja acaba por se desfazer como éter no ar, ela não existia mais. Aquele corpo indolor era estranho... E não conseguia entender ainda toda a necessidade de sepultá-lo e cerimoniá-lo. Mas minha ignorância, em relação aos necessitados, não permaneceu. Eles precisavam disso... Assim, precisei eu.
E depois de tudo, passou-se uma semana sem música. Depois de assinar documentos, acordar e dormir num tormento, esquecer de meu tempo, foi-se uma semana sem vontade de ouvir qualquer canção. Acho que a primeira coisa que consegui pôr no som foi Sleeps With Butterflies, para forjar minha vontade de ser gente. Aos poucos, voltei a escutar. E as palavras que precisavam nascer, mesmo que desordenadas, as palavras voltaram a nascer.
E o tempo mostrou-me que precisavam de um pai para lhes orientar, lhes polir. Então eu fui. Nas palavras eu fui mãe e pai de mim. Meus pais eram só deles agora... Tive de ser de mim.
Foi dessa forma que vivi.
E de algum modo, prossigo vivendo assim.
Pois eu sobrevivi.
À morte de toda uma sorte, eu sobrevivi.
E morri.

Também, eu morri.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

#EUSOUGAY

Queridas e queridos, peguei esta mensagem com Felipe Werly, amigo meu, e ela incita uma campanha em favor do fim de crimes de ódio ocorridos em nosso país, por causa da homofobia. Na verdade, o texto é auto-explicativo, então peço que, por favor, vocês leiam:


Sejamos Gays. Juntos.
abril 12, 2011
Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Tarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.

Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.

Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.

E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.

Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.

Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?

Quero então compartilhar essa ideia com todos.

Sejamos gays.

Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY

Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:

1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY

2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com

3) E só

Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.

A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.

Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.

As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.

Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.

— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —

segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Imagens do Multiverso"

Tenho ouvido muito nesses últimos tempos a cantora Florence Welch, artisticamente conhecida por sua banda, Florence + The Machine! Costumo definir seu estilo como Pop Cósmico, já que ela sempre me faz sentir numa órbita, observando com uma falsa paciência as estruturas que orbitam, a meu lado. E nesse clima espacial, rs, acabei incitando o que chamei de "Imagens do Multiverso", uma poesia de amor. A música que a inspirou está logo abaixo, e tem o singelo título de "Estranheza e Encanto"... Pode ficar melhor? Sim! Ouça...


Imagens do Multiverso

E vou até as estrelas
Para buscar seu presente
Serei doce
Serei amargo
Serei tudo
Que lhe cura,
Ó,
Planeta doente

Vou até as estrelas
Para encontrar nelas
O que você roubou de mim
Você roubou,
Pôs em seus olhos,
E por causa disso
Que só consigo viver
Quando eles me olham
Dizendo que ali
Há algo daqui...
O que perdi,
Você roubou de mim

Então venha comigo
Até perto desses astros,
E lá farei uma cama
Para nosso amor
Ela será
Nosso quarto,
E emendarei cometas
E supernovas
A uns poucos rastros de poeira,
Para tecer sua toga,
Caminhos,
Seus passos

Você será bonito
Eu serei bonito
Seremos divinos
Perante o brilho
Dessas estrelas,
Queimando todos os vícios
E fazendo da virtude
Rainha,
Como se este fosse
Nosso mais preciso
Suplício

Eu estarei com você
E as estrelas serão
O início
O início de nosso fim,
Nosso desejo,
Nosso amor orbitando
No escuro mais vivo...

Flutuaremos no infinito

Infinito



Feel it on me, love! Feel it on me, love! Feel it on me, love... Strangeness and Charm!

sábado, 9 de abril de 2011

Para meus amigos

E hoje eu tive uma conversa daquelas que só tenho com amigos bem próximos... Essas que começam com um "menino, preciso desabafar", e terminam com "mas virtudes são contrapontuais aos vícios, um só existe em função do outro", and so on... Na verdade, experiências corriqueiras com aqueles que mais amo e respeito nesse mundo SEMPRE viram coisas imensas, ainda que imensa seja somente a bobagem que formulamos juntos. A questão é estarmos juntos. Amigo é pressas coisas, todo mundo sabe disso.
E por mais que vocês digam que os seus são os melhores do mundo, eu afirmo com veemência que os meus sambam na cara de qualquer um... Porque eles são pessoas incríveis, porque eles me ouvem, porque eu os ouço, e até a mais dura crítica consegue se tornar bálsamo com mais alguns minutos de conversa. Porque eles me salvam todos os dias, e porque eu sinto salvá-los também, e de alguma forma, tê-los comigo é a razão mais concreta para que creia: eu tenho meu lugar, nesse lugar.
E a cada um de vocês, meus anjos, meus lindos, minhas senhoras e senhores mais bonitos... Eu não saberia ser feliz comigo se não aprendesse a ser feliz contigo. Por vocês, eu sou caído, caído ;).


E esse vídeo eu dedico à Bela e à Karoinha, que AMAM essa música! kkkkkkkkkkk

Friendship never ends...

"Lençol de cama" e "Dia de Sol"

Durante esses dias, passei por alguns estresses no meu instável mundo emocional, e se fosse para postar algo há dois dias atrás, não teria vindo de um lugar bom... Esses textos serão publicados no futuro, mas por enquanto prefiro a amenidade e doçura, duas sensações que estão comigo desde ontem e me fizeram ir ao trabalho sorridente, numa manhã de sábado depois de ter dormido pouco mais de 3 horinhas... Daí que pus Between 2 Lungs da linda Florence e sua máquina, enquanto posto pra vocês duas pequenas pérolas, que me acertam por serem simples e tirarem seu valor justo disso.
O primeiro, "Lençol de cama", é uma brincadeira com flores; o segundo, "Dia de Sol", trata de um dia de 2007 quando descobri o amor à primeira vista! Deixei que fosse embora, porque pensei demais e não deu tempo de alcançá-lo quando corri... Por mais que tenha ficado chateado no dia, só a sensação de queimar por dentro valeu pra mim.
Vamos?


Lençol de cama

Forrei minha
Cama com muitas flores
Fiz um travesseiro
De lírios, copos-de-leite
E magnólias
Cobri-me com rosas
Azuis,
E dormi

Sonhei com meus pássaros
E acordei rodeado de sementes
As flores,
Então,
Acariciaram-me e
Devem ter-me
Feito pegar no
Sono,
Novamente

Pois elas,
Minha boa e velha
Afrodite,
Deram-me forças
Para descansar
Guardar um pouco minha
Impaciência e,
Apenas,
Descansar


Dia de sol

Sexta-feira
30 de março
9 horas
Você me perguntou para onde ir
E meu mundo encheu-se de cores
Você riu ao ver
Que não sabia como chegar
E percebi que nunca meu mundo
Esteve tão cheio de cores antes

Sexta-feira
30 de março
9 horas e 3 minutos
Você encontrou seu caminho
Porém antes,
Entregou-me a sua melhor
Aquarela
Pintei meu mundo de vermelho
Para você ficar cego
E me olhar
Me olhar e seguir
Até outro lugar


Do for love, like you can do nothing else no more...
(Sabrina Starke)

terça-feira, 5 de abril de 2011

"E as canetas"

Desde o começo, a relação que desenvolvi com cores era muito forte, a ponto de escrever textos de personalidades distintas com canetas de cores diferentes! Este texto fala sobre parte do que é meu processo criativo, e ele passou por uma evolução contínua até chegar na forma em que está... Então, em mim vocês vão acreditar?


E as canetas

Costumo escrever com tinta azul
E também escrevo com o vermelho
Mas ele me disse, uma vez
“Sou volúvel, pare de me usar”

Gosto de meus textos vermelhos
Talvez pela intensidade deles,
Que os torna velozes,
Fugazes,
A ponto de fugirem de minhas mãos
E levarem um pouco de mim
O suficiente para que não
Saiba aonde foram parar
E sigo os perdendo,
Assim

Às vezes,
Porém,
Concordo em usar o azul
Talvez seja minha melhor face
E a adoração que tenho por sua
Cor
Eu aprendi com meus pais

Amar o azul implica em tantas coisas,
Que nem sei dizer
Posso pelo menos afirmar
Que acabei de usá-lo,
E,
Em sua sobriedade,
Imagino que,
Em mim,
Você iria crer

Mas só imagino,
E agora,
Lanço-me ao risco de perguntar

Você realmente acreditaria em mim,
E nas cores que tenho a lhe oferecer?
Foram feitas para você ver,
Ou esquecer,
Esquecer?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

"O alcance da promessa"

A responsabilidade que temos em lidar com o restante do mundo pode parecer tão grande, mas tão grande, que chega a comprimir nossos corações. E dá medo, muito medo imaginar o quanto você precisa compreender pra que um sorriso seja simplesmente sincero... Um sorriso sincero.
Deparo-me com alguém que está disposto a largar um mundo inteiro para que eu me torne cada vez mais tangível a ele. Alguém que, com palavras, nunca me prometeu amor eterno, mas que fez isso com gestos, uma gentileza tão afável que me fez repensar todas as coisas que eu tinha para mim. Fez com que meu lar mudasse de lugar, e a aflição que a distância traz tornou minha vida cada vez mais real... Mais sincera.
Vejo diante de mim a perspectiva de um futuro brilhante, e, sim, isso me dá medo. Medo de que o tempo leve tudo de nós, leve-me dele ou o contrário, ensinando-me do jeito mais duro que o transe é uma transição... São palavras tão parecidas, chega a ser óbvio associá-las.
Tenho medo de assumir tanto riscos, mas, ao mesmo tempo, coragem suficiente para peitá-los de frente. Para mim, a coragem vem um pouco da própria inconsequência, e isso faz com que minha condição seja uma típica antítese: serei responsável por nós dois, e inconsequente, por nós dois.
Seremos responsáveis por nós dois, seremos inconsequentes por nós dois.


É esse o alcance da promessa... Já tomou todos os meus espaços...
O alcance da promessa.

04/04/11



"Quando eu olhar pro lado, eu quero estar cercado só de quem me interessa."

domingo, 3 de abril de 2011

"You're Just So Pretty"

Uma das minhas cantoras prediletas, que acabou se tornando uma imensa influência, é a Tori Amos. Na verdade, boa parte das pessoas que me conhecem sabem de como sou devoto a ela, e aquelas que já leram algo escrito por mim entendem como ela é importante também nesse sentido. De fato, escrever às vezes exige ambientação, especialmente se ter concentração é um problema! E a música é, sem dúvida alguma, um bom meio de se chegar até o reino das palavras... Metaforicamente, a música é uma cavalo que, galopando ou correndo, faz com que você chegue aonde precisa chegar; e mesmo não sendo Horses a que inspirou essa daqui, a que me ajudou a contar "you're just so pretty" chama-se Putting the damage on (de fato, o título e o texto tem relação direta a um verso da canção).
Putting the damage on, para mim, representa o quanto existe de beleza nas coisas do mundo, ainda que tenham sido devastadas e, assim, tenham "vestido os danos". Foi essa a comoção que senti ao ter de passar pela experiência de, após dois anos, retirar os grosseiramente chamados "restos mortais" de onde vocês sabem que removi. Em primeiro lugar, foi necessário que pensasse fortemente que aqueles ossos eram somente uma parte dela. Assim, havia uma beleza preservada, uma beleza que tempo nenhum poderia roubar. E é por isso que ela continua bonita. É por isso que essa estrela não deixou de brilhar.

“You’re just so pretty”

E você continua bonito
Continua bonito porque você me dá assim
Porque eu me entendo assim
E você continua bonito
Pois no mundo não haveria palavras
Ou sentimentos
Pra expressar o quanto você é
Bonito
E as minhas são obsoletas diante da
Estrela
A estrela que brilha, brilha e brilha
Até que me perca
E me encontre em você,
Pois continua bonito,
Afinal

Daí me pergunto,
Quem é a estrela?


sábado, 2 de abril de 2011

"19 anos" e "Instabilidade"

19 anos. A idade com que comecei a escrevê-los de verdade. Hoje tenho 23 anos, e sinto como se alguns deles continuassem tão perto, e outros nem tanto. Esses serão os primeiros. Os que têm um caráter mais juvenil e bobo, até, já que mostravam de alguma forma o quanto é preciso amadurecer. Mas os primeiros costumam ser assim... É inevitável, precisam crescer...


19 anos

Há 2 séculos atrás,
Me guardei no meio destas
Palavras
Queria apenas o provável
Ouvia sobre sonhos possíveis
E mais um século se passou
Liguei para Deus
E o questionei
Sobre minha capacidade de
Pintar o horizonte de vermelho
Ele me falava sobre as mesmas
Velhas coisas
E decidi seguir de mãos dadas
Ao meu relato,
Secreto e azul


Azul


Instabilidade

E juro,
Não ficarei
Vermelho
Ao falarmos
De sexo
“Você?”
Você talvez

Porque tudo parte do recomeço...

Desde 2006, mais ou menos, comecei a escrever sobre minha realidade, meus sentimentos, e saía falando um monte de bobagem até me deparar com poucas coisas interessantes. Tinha minhas tristezas, ou melhor, minha tristeza, mas ela era meio que sem fundamento, até eu ter passado em 2007 pelo evento mais grave da minha vida: a perda de minha irmã, numa madrugada de terça-feira.

Desde então, escrever, que era mais uma vaidade ingênua da minha cabeça, passou a ser sinônimo de sobrevivência. Escrevia para me acalmar, para descontar minhas raivas, para compreender melhor a minha ignorância. A partir daí, fui sentindo o quanto mudei com os textos e o quanto eles mudaram, comigo.

Esse blog é uma experiência que proponho a vocês: entrem na minha história, conheçam meus sentimentos e, se isso sair como esperado, retirem deles algo para vocês. Por mais egocêntrica que seja a proposta (o blog leva meu nome, rs), uma coisa eu lhes digo: há muito a se aprender das histórias que outros tem a dizer. E eu serei o outro, tentando ao máximo enternecer você.

Todos os textos que publico aqui são registrados na Biblioteca Nacional, e peço que se vocês gostarem deles a ponto de quererem espalhá-los por aí (eu sei, mais um pensamento egótico), por favor, referenciem a fonte, ok?


Então...

Prontos para recomeçar?