domingo, 15 de maio de 2011

"Continuidade" - sobre nós, os cidadãos do mundo

Confunde-me um pouco pensar em como as várias realidades humanas congregam-se em torno de um mundo só. Somos tantos, e não só em número, mas nas diversas maneiras de se expressar e se buscar durante a vida. Dentro de uma cidade existem diferenças gritantes. Dentro de um bairro também... Até dentro de uma casa, dentro de um dito lar, as pessoas podem divergir em seus interesses a ponto de que a solução e torná-la duas. Dois em um... Um em dois. Normalmente, uma situação dura.
Confunde-me ainda mais pensar que o conflito é mais interior que exterior, e que às duras penas vou assumindo meus esforços em ser íntegro e justo, enquanto vejo pessoas que não dão importância a essas coisas, que digo. Digo que não dão importância porque o conflito é algo instintivo. Não se foge dele, apenas se esquece para depois ele voltar, incontido. Mas como nos fazer unidos? Como juntar partes e, mais importante, fazer com que elas se coordenem e se tornem úteis, dentro da cidade, dentro do bairro, dentro da casa ou somente de si?
Perceber que o mundo é contínuo em relação a nós mesmos, eu aposto nisso. Perceber que de nossos segredos eles podem não saber, mas no íntimo sentem, e quando você menos espera, vê que todos puderam também ver. Acreditar que a verdade é o melhor caminho, e começar a conhecer alguém pelo que você considera haver de similar entre vocês. Talvez se partíssemos do fato de que todos somos seres humanos, e como seres humanos apresentamos infinitas formas, mas conteúdo parecido, pudéssemos encontrar o que há de proximidade entre aqueles que estão conosco. Os que estão comigo. É boa a ideia de andar pelas ruas do mundo imaginando o quanto cada lugar tem um pouco de nossas virtudes e vícios. É justa a ideia de andar pelas ruas do mundo e reconhecer que, no mais íntimo de mim, há um pouco daquilo tudo que vejo, provo, ouço... Sinto. Antes de não entender uma língua, entender uma voz. Antes de destinar uma sina, surpreender-se quando o rio chega em sua foz. Antes de amar sua vida, amar a vida de nós. Pois nós somos nós. Antes de seu eu se afirmar como eu, você foi nós.
Mas não é uma solução o que falo, não quero que seja isso. A solução está em viver, e aprender algo com isso. Espero não estar errado, ainda que seja meu risco... Quero ser cidadão do mundo, entendê-lo como seu filho.

Continuidade

(Para os cidadãos do mundo)

E por mais diferente que seja
O aspecto onipresente,
O mundo de lá de fora é uma
Extensão
Do mundo da gente
Vejo em fotos,
Em olhos
No que me mostram,
Inconscientes...

O mundo de lá de fora é uma extensão do mundo da gente

3 comentários:

  1. "O mundo de lá de fora é uma extensão do mundo da gente" - isso explica o incessante caos do mundo. Eu acredito que os homens são feitos de caos porque são feitos de consciência, mesmo burlada.

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  2. Belo texto, Hernandinho!

    "Quero ser cidadão do mundo, entendê-lo como seu filho."

    :)

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